Eu estava tão confusa que mal podia lembrar meu nome. Resolvi então parar, tampei os ouvidos e cantarolei a primeira música que veio em minha mente.
- “É tão teu meu coração aflito e manso” – Essa era a nossa música e acho que isso fazia de mim uma babaca de nascença. Por mais que eu cantarolasse o mais alto que pudesse eu podia ouvir e sentir as batidas dele na porta, isso me deixava com mais raiva ainda, eu só queria-me teletransportar dali e não deixar rastro nenhum. Ele estava gritando e a sua voz só me fazia mais mal. Chorei me deixei cair encostando a cabeça na porta, soluçava e tentava engolir o choro o que era impossível, então por um minuto ele ficou em silêncio, acho que o mundo ficou em silêncio e o único barulho era o meu choro desesperado. Depois de alguns segundos eu consegui ouvi-lo.
- Clarice... Eu não... Queria. Não teve importância amor.
Abri a porta, estava pronta pra acabar com ele. Mentira. Eu estava frágil e machucada eu precisava ir embora e sabia que ele não me deixaria partir. Olhei fixamente para ele e senti que ódio me consumia.
- Roberto me deixa passar – Falei o empurrando para trás.
- Clarice, por favor, foi só um beijo.
- Só um beijo? Só uma merda de um beijo seu canalha! UM BEIJO! UM BEIJO NA MERDA DA SUA VIZINHA, UMA CONHECIDA, SE TIVESSE SIDO UMA PROSTITUTA QUALQUER, MAS NÃO, FOI COM UMA CONHECIDA! Você não sabe um terço da minha vergonha, da minha dor. Agora me deixa passar – O empurrei com mais força.
- Você quer mesmo ir embora? Você quer desistir de tudo que planejamos por um beijo que não teve a menor importância, você vai deixar todo nosso investimento para trás?
- Vou, vou sim. E quer saber talvez o beijo seja apenas uma desculpa pra que eu vá embora, talvez eu não te ame, talvez essas lágrimas sejam de alegria por estar me livrando de alguém tão pequeno como você, talvez eu seja apenas uma louca passional como eu sei que você está pensando que sou, mas deixa eu te dizer, sou uma louca passional SOLTEIRA, agora me deixa passar porque estou com nojo de te olhar seu frustrado – Eu sabia que estava mentindo, eu o amava e isso era horrível, eu fui ao mais profundo da dor dele, para que ele pudesse sentir um pouquinho do que senti, mas acabei me perdendo em palavras e agora tinha sido cruel e dissimulada, ele sabia que eu era impulsiva, talvez ele soubesse que eu só estava me sentindo traída, machucada e com coração apertado. Olhei para os olhos dele, ele estava chorando, talvez ele não soubesse que eu o amava, mas não o podia perdoa-lo agora.
- Vá embora então, se é isso que você quer vá, saia, eu te deixo partir.
- Não irei voltar – Disse enquanto o observava abrir a porta de entrada.
- Não vou sentir sua falta, minha vizinha beija bem.
- CANALHA! – O empurrei e sai batendo a porta – Eu estava chorando mesmo sem perceber, olhei pra janela e pude vê-lo espiando pela frestinha da cortina, ele estava chorando. Sentei na calçada e esperei que ele viesse me pedir desculpas. Mas não veio, ele havia me deixado partir.
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