Durante dois anos aquela era a primeira vez que senti que não era a hora de dizer adeus, exatamente porque era a hora de dizer adeus. Minha mãe estava imóvel sentada ao meu lado, com lágrimas no rosto segurando minha mão. Já havia falado com todos numa pequena festinha que recebi aqui no quarto do hospital, Dr. Hernandes já havia falado que a hora estava chegando e só poderíamos esperar claro que ele falou isso pra minha mãe que não teve coragem de me contar, mas eu consegui ler os lábios do Doutor enquanto eles conversavam. Eu sentia muita vontade de ir, mas também sentia medo, não queria deixar saudades e muito menos dor. A enfermeira entrou no quarto e perguntou se estava tudo bem, obviamente todos já sabiam. Eu respondi que estava ótimo, mesmo sentindo uma leve dor na minha cabeça, fechei os olhos e tentei pegar no sono.
Comecei a ter um lindo sonho, eu estava num jardim onde tudo era verde e havia flores por todos os lados, eu estava com meu vestido de 15 anos e meus cabelos haviam crescido não estava mais careca. O cheiro das flores era tão forte que cheguei a pensar que era tocável, ali eu me sentia bem, não havia dificuldade na minha respiração, não estava deitada numa cama e não havia ninguém para me sedar... Eu me sentia leve como uma pena ao vento e assim como uma pena eu dancei, dancei com o ar dancei por horas, e horas, até me cansar. Então comecei a andar pelo jardim, avistei de longe alguém sentado em baixo de uma árvore, meu coração então disparou eu sabia que não seria possível mas por um segundo esperei uma enfermeira chegar com algo que me acalmasse, fosse remédios, sedativos qualquer coisa. Mas ninguém apareceu e meu coração ainda estava tão disparado que o sentia pular em meu peito, fui andando até aquela pessoa, e ao chegar mais perto logo o reconheci, era ele.
Ele não me viu, meus passos na grama não emitiam nenhum tipo de som, cheguei até ele e não consegui dizer uma palavra, só fiquei ali parada ao seu lado o olhando. Assim que ele percebeu que eu estava ali se levantou, e com o seu sorriso, aquele sorriso que só ele tinha me abraçou como nunca havia feito antes.
- Você veio meu amor, você veio! Eu te esperei por tanto tempo - Ele disse enquanto me abraçava cada vez mais forte, eu pude sentir suas lágrimas molharem meu ombro.
- Meu amor eu lhe prometi que viria cedo ou tarde eu estaria aqui com você, e agora eu posso afirmar que nem o câncer pode nos vencer - Logo que eu terminei de dizer isso, eu comecei a sentir uma sensação estranha, era um misto de paz com leveza, de repente eu já não sentia minhas pernas, comecei a sentir que minhas forças estavam indo embora, eu me sentia fraca, como se fosse sumir a qualquer momento, tudo foi ficando escuro, mas ainda sim eu podia sentir os braços dele envolta da minha cintura, e cada vez a escuridão aumentava, até o momento que tudo sumiu, tanto o sonho como a realidade, já não restava nada só aquela sensação de paz.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
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